"Em toda a infância houve um jardim - isto é coisa de poetas"
Agustina Bessa-Luís |
BlogdosCaloiros is my blog in Portuguese Language curriculum. It aims to enhance the lessons using ICT and captivate cultural curiosity
"Em toda a infância houve um jardim - isto é coisa de poetas"
Agustina Bessa-Luís |
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"Em minha casa os livros habitavam como presenças vivas."
Hélia Correia
A escritora Hélia Correia acaba de receber o Prémio Camões 2015, o mais prestigiado atribuído no espaço da língua portuguesa.
O Prémio Camões consagra a obra de um autor e não uma qualquer obra em particular. Já foi atribuido a vários autores de língua portuguesa.
Entre os escritores portugueses, lembremos Manuel António Pina que foi galardoado com o Prémio Camões 2011. E que nós tão bem conhemos, quer pela leitura em sala de aula de livros seus, quer pela sua vinda à escola mais do que uma vez.
Saramago que começamos a conhecer em A Maior Flor do Mundo, uma das raras obras de literatura infantil e juvenil do escritor.
Mas voltemos a Hélia Correia. Hélia Correia nasceu em Lisboa e passou a infância e a juventude em Mafra, onde frequentou o ensino primário e liceal. Era conhecida na sua infância como 'a menina dos gatos'.
Licenciada em Filologia Românica, foi professora do ensino secundário.
Poetisa, contista e dramaturga, foi enquanto romancista que Hélia Correia se revelou como um dos nomes mais importantes e originais surgidos durante a década de 80, ao publicar, em 1981, O Separar das Águas.
Seguiram-se romances e novelas como Montedemo, Insânia, A Casa Eterna (Prémio Máxima de Literatura, 2000), Lillias Fraser (Prémio de Ficção do PEN Clube, 2001, e Prémio D. Dinis, 2002), Bastardia (Prémio Máxima de Literatura, 2006), e Adoecer (Prémio da Fundação Inês de Castro, 2010).
Hélia Correia é também contista, tendo publicado uma antologia dos seus contos em Novembro de 2008. E ano passado, 'Vinte Degraus e Outros Contos', que recebeu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores e pela Câmara Municipal de Vila Nova da Famalicão.
O Prémio Camões reconhece assim a imaginação, o poder de criação de personagens, e o invulgar modo de trabalhar a língua portuguguesa que Hélia Correia tem revelado.
Então, neste post dedicado a Hélia Correia, gostaria de deixar duas sugestões de leitura de livros de literatura infantil e juvenil escritos pela autora.
Começo pela 'A Ilha Encantada', versão para Jovens da obra de Shakespeare, A Tempestade (2008). Faz parte do Plano Nacional de Leitura, 8º ano.
Como escreve Hélia Correia, na introdução da sua adaptação da peça de William Shakespeare (1564-1616 :
«Compare-se esta peça com um sol. O poder dos seus raios tem gerado um sem-número de novas criações. Porém o centro permanece opaco e arde a temperatura inacessível. É o mais enigmático dos textos do mais enigmático dos autores. (…)
Sobre esta A Tempestade há que dizer que permanece estranha aos nossos olhos e aos nossos ouvidos. E, no entanto, as suas personagens vão, com outras, no jorro da popularidade, passando pelo tempo e pelas culturas, tratadas como gente da família, com ternura e com falta de respeito.
E ainda, um outro livro encantador, 'A Chegada de Twainy'. A sua obra infanto-juvenil mais recente (2011). Com ilustrações de Rachel Caiano.
Em jeito de apresentação deste livro com fadas, leiamos o que Hélia Correia respondeu numa entrevista, à pergunta “Como nasceu a Twainy?”:
«A Twainy existiu primeiro como nome, porque um priminho meu, um dos meus meninos – tenho muitos meninos, muitos amiguinhos –, muito pequenino, a primeira vez que veio ver-me, achou que eu era tia, e chamou-me Twainy, que era o nome que ele dava às tias. E eu achei que o nome era muito bonito e fiquei com o nome. Não só a Twainy dele, como pensei: este nome é muito bonito, este nome vai existir de qualquer modo. Depois, numa loja que eu frequento muito e que também tem assim muitas coisas invulgares, encontrei uma bonequinha com asas de tule. Esta bonequinha, com um aspecto muito, enfim, antifeérico, quando a vi pensei, olha aquela é a Twainy.»
Bom, em tempo de férias para alguns, aqui deixo sugestões de leituras de verão para ocupar tempos livres.
Para os que andam em exames, bons resultados, pois deles dependderão o vosso futuro no Secundário, ou no Ensino Superior.
Deixarei sempre que me for possível, sugestões de actividades de lazer, desde cinema, leitura, curiosidades culturais ou desportivas, antes de fazer uma pausa, como sempre, em Agosto.
"Um computador portátil, a preço irresistível. Não resisti. Só passados dias liguei. Estava a transbordar de documentos.! Não abri nem um. Se encontrasse um diário também não o leria. Eu tenho princípios.
Tentei encontrar o vendedor, sem resultado. Que fazer? Não tinha alternativa : ouvi o áudio-diário da Rita. Era um diário típico de uma adolescente. Li também as receitas, as tentativas de escrever um romance, olhei para as fotografias, li os emails. E o pequeno mundo que me apareceu à frente era sólido e completo.
Enviei tudo ao meu editor. Com dificuldade, consegui convencê-lo de que, desta vez, a ficção era uma história real, realmente contada pela protagonista. Tenho a esperança de um dia vir a conhecer pessoalmente a Rita R."
(contracapa)
O Romance de Rita R. é uma das obras recomendadas pelo PNL para 7º ano.
No ano seguinte, esta obra foi finalista do "Prémio Unesco" de Literatura infantil e juvenil em Prol da Tolerância.
Rita, a personagem principal e narradora, é uma adolescente que decide escrever um romance. Para a ajudar a organizar as ideias, a sua tia Rute oferece-lhe um gravador audio, onde a jovem começa a gravar uma espécie de diário, com o objectivo de mais tarde seleccionar expressões e ideias que possa aproveitar para a sua futura narrativa.
Para vos espicaçar o interesse deixo aqui um pequeno excerto:
"Apontei o cursor para o meu audio-diário, abri a pasta e cliquei em 1.
Ouvi uma voz de menina, com uma pronúncia tripeira : (...) Fechei o documento, desliguei o computador.
- Há uma gravação no computador. - disse ao Sam (...)
- De quê? Música?
- Não. É uma voz de uma pessoa que deve ser uma rapariga nova. A falar da família. "
No Romance de Rita R., um pc portátil é um excelente pretexto para uma reflexão sobre o mundo, a vida, a literatura.
Interessados, já ? Querem saber mais? Dentro de algum tempo poderaão visitar a página pessoal de Ana Saldanha que está em construcção.
Ah! Só uma curiosidade! Sabiam que Ana Saldanha nasceu no Porto?
Actualização: Ana Saldanha deixou de ter página pessoal. Está presente aqui
"Anne Frank vivia torturas que marcam qualquer indivíduo de qualquer idade mas especialmente um indivíduo em formação. Forçada a viver como um pássaro na gaiola - "Sinto-me como um pássaro a quem cortaram as asas e que bate, na escuridão, contra as grades da sua gaiola estreita" - afina os sentidos, concentra-os sobre um pequeno espaço em que a sua vida e a dos companheiros de destino se move, procura não só desabafar a sua revolta de adolescente, de judia expulsa da comunidade dos homens, vítma de uma guerra impiedosa, mas, também, encontrar explicações e as interpretações de tudo isto."
" Se Deus me deixar viver, hei-de ir mais longe de que a mãe. Não quero ficar insignificante. quero conquistar o meu lugar no Mundo e trabalhar para a Humanidade.
O que sei é que a coragem e a alegria são os factores mais importantes na vida !
As árvores morrem de pé? Sim, no caso do castanheiro de Anne Frank, bem no centro de Amesterdão - a árvore que a jovem holandesa judia admirava, quando escondida, durante 25 meses, num sótão, com a família, tentando assim fugir à insanidade nazi (1939-45).
Podem aqueles troncos ser história? História? Podem. E assim o entendeu um grupo de empenhados cidadãos holandeses, que, depois de a hipótese ser aventada em 2007, mobilizou esforços nacionais e internacionais para impedir a morte da árvore, com recurso à serra eléctrica.
Numa altura em que se esqueceram livros de liiteratura juvenil que marcaram tantas gerações - o Diário de Anne Frank, é um deles - decidi trazer de volta, depois de selecção debatida com alunos, esta obra escrita por uma adolescente que sofreu os horrores da perseguição e morte durante a 2ª Guerra Mundial.
Propus-me integrar no Plano Nacional de Leitura o Diário de Anne Frank. E tem sido surpreendente a adesão dos jovens leitores, alunos das diferentes turmas.
Uma geração que desconhece o que é viver em tempo de guerra, não lhe passava sequer pela cabeça que uma adolescente da sua idade, pudesse ter sido vítima de tal atrocidade.
Foi também muito enriquecedor sob o ponto de vista pessoal, aparecerem através deles, as memórias dos pais, e dos avós. E muitos trouxeram para o diálogo em sala de aula as impressões dos familiares.
Alguns alunso até fazem a leitura pelos mesmos livros que seus pais e avós guardavan nas suas bibliotecas.
Sei que estão a apreciar muito esta nossa singela homenagem a Anne Frank, a jovem judia que sonhava um mundo melhor, na comemoração do 64º ano do Holocausto.
Sei que cresceram um pouco mais com a leitura do Diário de Anne Frank e que alargaram as aprendizagens a nível do desenvolvimento da leitura integral de um livro que é um pouco mais extenso do que os anteriores, já lidos.
Estamos a concluir a leitura e expressão oral - debate - para passar às actividades de escrita criativa.
Estou certa que textos muito interessantes surgirão. Os alunos gostam agora muito de escrever, e já demonstraram em vários outros projectos a sua criatividade.
"A nossa rua não foi baptizada por causa das aves que andavam no quarto piso, mas a minha mãe disse-me donde lhe viera o nome. Há muito, muito tempo, antes de haver automóveis, havia uma avenida de árvores no meio da rua debaixo de cujos ramos as carruagens puxadas por cavalos passavam. Já fora há tanto tempo que a minha mãe não se lembrava disso. Só a avó se recordava. Ela dizia que essas árvores estavam carregadas de pássaros. Milhares e milhares deles. Por isso deram à rua o nome de Rua dos Pássaros." (...)
Uri Orlev, A Ilha na Rua dos Pássaros, Âmbar Editora
Depois de conseguir fugir do gueto e ser escondido por famílias polacas, Orlev e o seu irmão seriam enviados para o campo de concentração de Bergen-Belsen. Libertados dois anos depois, imigraram para Israel.
Orlev já publicou 29 livros para crianças e jovens, bem como ficção para adultos. Também é tradutor ( polaco/ hebraico).
Os seus livros estão traduzidos em 38 idiomas. Orlev ganhou o Prémio Hans Christian Andersen em 1996, entre outros.
Sabes que o livro A Ilha na Rua dos Pássaros aborda o acontecimento histórico tenebroso, que teve lugar durante a II Guerra Mundial, o Holocausto. Um assunto que estudámos e desenvolvemos actividades curriculares, ao lermos o livro O Mundo em que Vivi de Ilse Losa.
No próximo dia 27 Janeiro é Dia Internacional da Memória do Holocausto. Para que o mundo não esqueça os horrores de um dos acontecimentos mais trágicos da História da Europa.