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"Em toda a infância houve um jardim - isto é coisa de poetas" Agustina Bessa-Luís | BlogdosCaloiros is my blog in Portuguese Language curriculum. It aims to enhance the lessons using ICT and captivate cultural curiosity

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Banda desenhada : Astérix e o Grifo : Quanta aventura !!

 

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 Asterix e o Grifo

Jean-Yves Ferri & Didier Conrad

créditos: Astérix

https://asterix39.com/pt-pt/

 

O novo álbum da da famosa banda-desenhada Astérix saiu em 21 Outubro 2021. Tem por título Astérix e o Grifo e  é o 39º álbum da dupla Albert Uderzo e René Goscinny, o 5º da nova dulpa  de ilustrador e argumentista, Didier Conrad e Jean-Yves Ferri.

 

“Mas que raio de criatura é esta?”

Didier Conrad fez chegar um desenho às Éditions Albert René. Um desenho estranho e misterioso… Mostra os nossos dois heróis – criados há mais de 60 anos pelos geniais René Goscinny e Albert Uderzo – subindo por um enorme tronco de árvore para tentarem apanhar o Ideiafix, que parece querer fugir-lhes…

 

Sobre Astérix e o Grifo, a filha do desenhador Albert Uderzo, Sylvie Uderzo, revelou que este foi a última história que o pai ainda acompanhou, nos primeiros esboços e trabalho de escrita, antes de morrer em Março de 2020.

 

 

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 créditos: Astérix

1ª prancha revelada início de 2021

https://asterix39.com/pt-pt/

 

Em ambiente fora da Gália, como acontece a cada dois álbuns, a actual aventura é uma das que leva os dois heróis para mais longe da sua aldeia natal, no caso ao território dos Sármatas, mencionados pela primeira vez no século V a.C. por Heródoto.

 

Já presentes em Astérix e a Transitálica, - lembram? - como participantes na corrida que uma equipa portuguesa viria a vencer, os Sármatas eram um povo guerreiro nómada, constituído por excelentes cavaleiros, que dominavam as estepes entre o Ural e o Danúbio, sendo assim antepassados dos eslavos.

 

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Astérix e o Grifo

Jean Yves Ferri & Didier Conrad, 2021

 créditos: Astérix

https://asterix39.com/pt-pt/

 

 Neste álbum encontram-se "todos os códigos clássicos de um western: espaços vastos, heróis vindos de longe para socorrer inocentes, "selvagens" a braços com a chegada de um exército conquistador... mas tudo a Leste!" Ou seja, afinal é um eastern cujo desenho assentou "numa receita simples: paisagens magníficas, aventura, accção a cavalo e uma natureza hostil!"

 

Sinopse

 

Na nova banda desenhada, Astérix e Obélix rumam a Leste no encalce do exército romano, que quer capturar um grifo por ordem do imperador Júlio César. É num território desconhecido e gelado, de paisagens brancas na Ásia Central, que os gauleses encontram os Sármatas, povo da antiguidade que é considerado antepassado dos Eslavos.

 

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Astérix e o Grifo

Jean Yves Ferri & Didier Conrad, 2021

 créditos: Astérix

https://asterix39.com/pt-pt/

 

Um totem de grifo erigido numa paisagem coberta de neve, selvagem e aparentemente deserta, Astérix de vigia e montado num cavalo que tem ele próprio um olhar inquieto, um Ideiafix agitadíssimo a ser chamado por um Obélix preocupado… Por Tutatis, onde estarão os nossos heróis?

 

Além da habitual galeria de personagens, na narrativa, como tem sido hábito nos álbuns assinados por Ferri e Conrad, encontraremos vilões bem definidos, perdidos nas vastas planícies geladas. São três romanos, Taliqualus, Suprassumos e Desorientadus, sendo que este último assume os traços do escritor Michel Houellebecq.

 

O argumentista Jean-Yves Ferri, que desde 2011 é responsável pelos novos álbuns de Astérix, juntamente com o ilustradror Didier Conrad, revelou que a ideia para a história surgiu por causa de uma escultura de Tarasca, “um animal aterrador das lendas celtas”.

 

 

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Astérix e o Grifo

Jean Yves Ferri & Didier Conrad, 2021

 créditos: Astérix

https://asterix39.com/pt-pt/

 

A imagem levou o escritor a perguntar-se se “os nossos antepassados acreditavam realmente na existência destes monstros bizarros”. Decidiu então “percorrer o bestiário mitológico” em busca de um animal que pudesse ocupar “o centro da trama” do novo álbum”. “Metade águia, metade leão (e com orelhas de cavalo), enigmático q.b., e acabou por optar pelo grifo”.

 

Os romanos iriam a marchar, disso não havia dúvidas. Mas… e os gauleses? Como é que Astérix, Obélix e Ideiafix, acompanhados pelo druida Panoramix, iriam juntar-se à demanda épica e repleta de armadilhas em busca deste animal fantástico?

 

 

 

Astérix e o Grifo

Jean Yves Ferri & Didier Conrad, 2021

 créditos: Astérix

https://asterix39.com/pt-pt/

 

 

E o grifo que tem a ver com isto?

 

Jean-Yves Ferri dá-nos algumas pistas sobre o animal do título do álbum: “Os Romanos vão de surpresa em surpresa em busca do grifo, esse animal mítico referido em textos de autores da Grécia Antiga! O grifo no álbum é o animal sagrado de um xamã sármata. Ele vem cristalizar um pouco a ignorância dos Romanos e a forma fantasiosa como imaginam a fauna, num mundo para eles ainda largamente inexplorado. Mesmo dotado de corpo de leão e cabeça de águia, o grifo inicialmente não lhes parece mais improvável do que a girafa ou o rinoceronte. Afinal de contas, o próprio Júlio César referiu o unicórnio nos seus Comentários sobre a Guerra das Gálias (verídico!). Mas à medida que avançam nos confins do Barbaricum, a dúvida vai assaltá-los. A sua mentalidade de conquistadores vai então começar a enfraquecer… Sobretudo porque o Astérix e o Obélix (sem esquecer o Ideiafix!), vindos em socorro dos Sármatas, não lhes vão facilitar a viagem!”

 

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Astérix e o Grifo

Jean Yves Ferri & Didier Conrad, 2021

 créditos: Astérix

https://asterix39.com/pt-pt/

 

Abordagem ecológica:

 

Jean-Yves Ferri explicou ainda que "Astérix e o Grifo" tem uma abordagem sobre ecologia. 

 

"Os romanos representam um pouco a atitude, digamos, ocidental em relação à natureza e à maneira como se servem dela, enquanto os Sármatas são apresentados como respeitadores do ambiente, em particular dos animais. Os gauleses estão ali no meio, entre ambos".

 

Além de Astérix e Obélix, entre as personagens que povoam o imaginário criado por Uderzo e Goscinny contam-se ainda o druida Panoramix, o bardo Cacofonix e o pequeno cão Ideiafix, entre muitas outras.

 

Como saben já, o irredutível guerreiro gaulês apareceu pela primeira vez em Portugal, nas páginas da revista Foguetão, no dia 4 de Maio de 1961. A primeira edição portuguesa de um álbum de Astérix data de 1967, e foi precisamente Astérix, o Gaulês.

 

 

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Astérix e o Grifo

Jean Yves Ferri & Didier Conrad, 2021

 créditos: Astérix

https://asterix39.com/pt-pt/

 

Uma expedição ao território dos Sármatas:

 

No Ocidente Europeu, Roma e a sua civilização dominam (apesar de, como é sabido, uma certa aldeia gaulesa resistir ainda e sempre ao invasor!). A Leste, o Barbaricum, esse vasto território desconhecido, selvagem e inexplorado, ocupado por povos de nomes estranhos (pelo menos para os Romanos!). Entre esses, os SÁRMATAS!

 

Os Sármatas eram um povo nómada que viveu a norte do Mar Negro entre o século VII a.C. e o século VI da nossa era, substituindo-se aos Citas na Ucrânia, ocupando a planície húngara e dominando todas as estepes entre o Ural e o Danúbio. O que faz deles os antepassados dos Eslavos.

 

“Eu queria sugerir um território longínquo, uma espécie de «reino sármata» imaginário. Daí a escolha de uma zona situada entre a Rússia, a Mongólia e o Cazaquistão. Foram descobertos vestígios de sepulturas de guerreiros nómadas nestas regiões do extremo da Europa oriental, e acontece que um tal Aristeas de Proconeso, poeta grego nascido por volta de 600 a.C., situou nessas paragens os seus estranhos relatos de viagens. Isso deu-me a ideia de seguir os seus passos e de fixar aí mesmo o meu povo sármata e o seu folclore à base de iurtes e xamãs.”

 

Promessa de aventura nos confins do Mundo Conhecido, em pleno território dos Sármatas, a ilustração da capa remete-nos para um Western transposto para o frio… Didier Conrad, autor dos desenhos, dá-nos algumas pistas: “É um Eastern!

 

Encontramos no álbum todos os códigos clássicos de um Western: espaços vastos, heróis vindos de longe para socorrer inocentes, “selvagens” a braços com a chegada de um exército conquistador… mas a Leste!”

 

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Asterix Il Alcaforron

edição em Mirandês

Jean Yves Ferri & Didier Conrad, 2021

 créditos: Astérix 

https://www.fnac.pt/

 

Esta aventura tem ainda este ano tradução em 17 línguas e dialectos, entre eles o mirandês. Neste último, terá por título Asterix Il Alcaforron e está disponível em Janeiro 2022.

 

Actividades:

 

  • A Banda Desenhada faz parte dos curriculos de Lingua Portuguesa. Partindo dos vários posts de BlogdosCaloiros (apoios alunos em língua portuguesa e BlogSkidz (blog apoio alunos em FrancêsLE) poderão levar os alunos ao estudo da BD, bem como à comparação dos vários álbuns ( álbuns, e filmes) ao longo dos anos.
  • É evidente que não devem deixar de referir o site oficial Astérix para que os alunos alarguem  conhecimentos sobre este fenómeno da banda desenhada francesa.

 

Excelente opção de leitura para a pausa lectiva que se aproxima. Certo?

 

A Professora GSouto

 

30.11.2021

Licença Creative Commons

Halloween : Doçura ou Travessura & Pão por Deus : Vamos conhecer as tradições ?

 

 

Decoração exterior de casa nos Estados Unidos

via Bored Panda

 

O Halloween é uma tradição dos Estados Unidos. Mas, com a globalização, é cada vez mais popular noutros países, inclusive em Portugal. Se ainda não está convencido, estas decorações surpreendentes podem fazer com que mude de ideias e decida celebrar o Halloween em grande (e quem sabe, assustar os seus vizinhos).

 

 

 

Samhain

via Google Imagens

 

O Dia das Bruxas é actualmente uma celebração pagã, que surgiu há mais de dois mil anos. Teve origem com o povo Celta, que festejava no seu calendário o fim do Verão, o início do Ano Novo e as boas colheitas do ano. A comemoração original chamava-se Samhain, que significa "fim de verão".

 

Anos depois, no Reino Unido, a data passou a marcar o Dia de Todos os Santos, daí ter surgido o nome Halloween, pois este resulta da junção dos termos hallow, que significa "santo", e eve, que significa "véspera".

 

Portugal não tem uma tradição tão forte Halloween como os Estados Unidos e o Reino Unido, mas já celebra o Halloween com muitas actividades. As lojas aproveitam para decorar as montras con abóboras, teias de aranha, entre outros objectos alusivos.

 

 

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canal History

 

A globalização tem cada vez implementado mais o Halloween entre nós. As redes sociais, os media, a Internet. O fenómeno trazem até nós esta festividade anglo-saxónica.

 

As crianças e jovens perderam um pouco, com a pandemia, a tradição de andar a bater às portas para a chamadas Trik or Treat - Doçura ou Travessura.  

 

Trik or Treat ou Pão por Deus?

 

 

 

Pão por Deus ou Dia do Bolinho

via Google Imagens

 

Mas a verdadeira tradição portuguesa e que se celebra ainda em certas localidades é o "Pão por Deus". O "Pão Por Deus" ou "Dia do Bolinho" uma tradição bem portuguesa. A sua origem, evolução e história até hoje é algo fascinante.

 

 

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Pão por Deus ou Dia do Bolinho

via Pumpkin

 

A origem do Pão por Deus

 

O Pão por Deus é uma tradição antiga com raízes semelhante às do dia das Bruxas ou Halloween (dos países anglo-saxónicos), no qual as crianças batem às portas pedindo doces ou travessuras - Trick or Treat.

 

No dia 1 de Novembro, Dia de Todos-os-Santos em Portugal, as crianças saem à rua e juntam-se em pequenos bandos para pedir o Pão por Deus de porta em porta.

 

 

 

© Cascais Food Lab

 

As oferendas aos mortos, nestas alturas do ano, são comuns em diversas culturas pagãs, incluindo as Celtas que habitaram o que é hoje Portugal.

 

Tendo em conta que muitas fontes apontam a origem do Halloween como festividades célticas é interessante ver as semelhanças e desenvolvimento de ambas.

 

Também sabemos que muitas festas pagãs foram aos poucos tomando roupagens cristãs, e a pouco e pouco se fundiram.

 

O peditório do 'Pão por Deus' no nosso país está também associada a essa tradição de oferenda aos defuntos e celebra-se no Dia de Todos os Santos. O Dia de Todos os Santos era já chamado o Dia do Pão por Deus no seculo XV. E nesse dia repartiam-se alimentos pelos mais pobres.

 

 

Universidade Nova FCSH

 

Terramoto de 1755

 

Este hábito ganhou força um ano após o grande terramoto de 1755 que destruiu completamente parte da cidade de Lisbos, como todos sabemos,  e que aconteceu justamente no dia 1 de Novembro, Dia de Todos os Santos.

 

Nessa época, a fome e a miséria sentiam-se pela cidade e reforçou a necessidade de partilha de alimentos com os mais necessitados.

 

Em 1756, as pessoas percorreram assim as ruas de Lisboa, batendo às portas e pedindo qualquer esmola, mesmo que fosse apenas pão. Dado o desespero, as pessoas pediam “Pão, por Deus”.

 

Em troca, muitos pedintes recebiam pão, bolos,  e outros alimentos para honrar os seus mortos e pedir pela sua alma.

 

Esta tradição de partilha nesta data manteve-se ao logo dos tempo, até aos dias de hoje, não só em Lisboa mas por todo o país. Em alguns zonas são feitas broas dos santos, ou bolinhos para oferecer a quem pede – por isso, este dia também é conhecido como o “Dia do Bolinho“.

 


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“ Ó tia, dá Pão-por-Deus ? Se o não tem dê-lho Deus!” ou
“ Ó tia ó tia, bolinhos bolinhos em louvor de todos os santinhos

Sacos de pano coloridos de Pão por Deus

 

Evolução até aos dias de hoje:

 

Com o passar dos anos, passou a ser cada vez mais um peditório das crianças. No século XX, onde os registos são mais constantes e fiáveis, começamos a ver muito o Pão Por Deus como a festa das Crianças, nas pequenas localidades.

 

Neste dia, as crianças, de manhã cedo vão de porta em porta pedir ´Pão Por Deus´. Recebem tradicionalmente pequens bolos tíicos, frutos secos, romãs, e algumas guloseimas, rebuçados, gomas, caramelos que vão enchendo  os sacos de panos coloridos.

 

Obrigada, obrigado, obrigada.... vai-se ouvindo de cada um, à medida que as guloseimas vão caindo .... depois seguem quase cantando pele rua "há pão por Deus"!

 

 

 

 

Doçura ou Travessura ou Pão por Deus:

 

Um dos pontos fulcrais da cultura popular americana, é precisamente ´Doçura ou Travessura´. É, no entanto, engraçado ver que algo semelhante existe tradicionalmente em Portugal, desde tempos imemoriáveis.

 

Canção antiga

 

Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós,
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados

À bela, bela cruz
Truz, Truz!

A senhora que está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de s’alevantar
Para vir dar um tostãozinho.

 

As rimas e cantigas são normalmente descritas quando as crianças batem às portas. E em alguns casos, ouvem-se estrofes de agradecimento a quem oferta doces, e menos simpáticas para quem não o faz.

 

 

 

 

Será que nas escolas não se deveria de falar às crianças sobre as diferenças e as semelhanças destas duas tradições? Estará a tradição portuguesa do Pão por Deus a desaparecer para dar lugar ao Halloweenjá que esta última parece ser  mais animada e divertida.

 

Começa a haver uma contra corrente nas localidades da província para não deixar morrer a tradição portuguesa. E fazem bem!

 

A  Professora GSouto

 

01.11.2021

actualizado 24.10.2023

 

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