"Em toda a infância houve um jardim - isto é coisa de poetas"
Agustina Bessa-Luís |
BlogdosCaloiros is my blog in Portuguese Language curriculum. It aims to enhance the lessons using ICT and captivate cultural curiosity
"Em toda a infância houve um jardim - isto é coisa de poetas"
Agustina Bessa-Luís |
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José Mauro de Vasconcelos foi um escritor brasileiro, autor do romance juvenil "Meu Pé de Laranja Lima", obra que se tornou um clássico da literatura brasileira. Lido em vários países.
Google Doodle:
Google Doodle 95ª Aniversário de José Mauro Vasconcelos
O escritor, nasceu em 26 de Fevereiro 1920, no Rio de Janeiro, era filho de uma família portuguesa que emigrou para São Paulo. Como seus pais tinham poucos recursos, José Mauro teve que ir morar com seus tios para o Rio Grande do Norte, em Natal.
Já adulto, entrou na Faculdade de Medicina da capital potiguar, mas abandonou o curso no segundo ano e voltou ao Rio de Janeiro em busca de melhores oportunidades.
De volta a sua cidade natal, José Mauro trabalhou nas mais diversas áreas: foi carregador, instrutor de boxe e garçon, até conseguir uma bolsa de estudos na Espanha.
Desanimado com a vida académica, abandonou os estudos após uma semana e decidiu viajar pela pela Europa.
Junto com os irmãos Villas-Bôas, o escritor atravessou a região do Araguaia, onde se dedicou à defesa do ambiente e lutou pelos índios.
Em 1942, estreou-se na carreira literária com o livro "Banana Brava", que reflecte sobre o mundo dos homens do garimpo. A seguir veio "Rosinha, Minha Canoa" de 1962, o seu primeiro sucesso.
Mas o livro que lhe daria fama foi Meu Pé de Laranja Lima, publicado em 1968. A obra é baseada em experiências pessoais de José Mauro de Vasconcelos e retrata o choque sofrido na infância com as bruscas mudanças da vida.
E é precisamente este livro, Meu Pé de Laranja Lima que lemos tantas vezes nos curriculos de Língua Portuguesa, Faz também parte do Programa Nacional de Leitura.
Meu Pé de Laranja Lima conta a história de um garotinho de cinco anos, Zezé. O menino faz parte de uma família muito pobre, porém grande, com muitos irmãos.
A mãe de Zezé trabalhava numa fábrica, mas seu pai estava desempregado, o que deixou família com grandes dificuldades. As irmãs tomavam conta dos mais novos da família, mas Zezé eram quem ficava junto do seu irmão mais novo, Luiz.
É num pé de laranja lima onde o garotinho tem todas as suas grandes aventuras.
Este livro foi posteriormente adaptado ao cinema e também à televisão : dois filmes e três telenovelas foram inspiradas no livro.
Meu Pé de Laranja Lima teve a sua primeira adaptação em 1970, um filme com a direcção de Aurélio Teixeira. E a última adaptação em 2012 pelo cineasta Marcos Bernstein
Também a televisão fez três novelas que tiveram o livro como base, sendo a primeira em 1970 exibida pela TV Tupi, em 1980 na Bandeirantes, e em 1998, novamente na Bandeirantes.
Na Coreia do Sul, a história foi publicada em versão de banda desenhada. Em 2012, Marcos Bernstein dirigiu mais uma versão cinematográfica de Meu Pé de Laranja Lima. A estreia aconteceu no Festival do Rio em 2013.
Além de escritor, o carioca foi também actor. Morreu aos 64 anos de broncopneumonia, em São Paulo.
Outros livros:
Mas José Mauro de Vasconcelos tem outros obras de literatura juvenil:
O Meu Pé de Laranja Lima celebrou 50 anos em 2018. Em 2018, o livro que encantou gerações com a história de Zezé, “um meninozinho que um dia descobriu a dor…”, completou 50 anos.
“O Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro Vasconcelos, foi lançado pela Editora Melhoramentos em 1968 e, desde então, conta com mais de 150 edições no Brasil e dois milhões de exemplares vendidos. É o livro brasileiro com o maior número de traduções para outras línguas, num total de 15 idiomas e 23 países.
Para celebrar seus 50 anos, a obra tem nova edição. Uma edição especial de capa dura e novo projecto gráfico, com ilustração de capa de Laurent Cardon. Contém informações sobre o livro, o autor e o contexto histórico da narrativa, bem como notas de rodapé escritas pelo escritor Luiz Antonio Aguiar.
O leitor também fica sabendo que O Meu Pé de Laranja Lima tem duas obras complementares: os romances Doidão (1963), no qual Zezé é retratado com 19 para 20 anos, e Vamos Aquecer o Sol (1974), que retrata o menino aos 10 anos, vivendo com pais adotivos em Natal, Rio Grande do Norte.
Sucesso atemporal, “O meu pé de laranja lima” promete continuar encantando as próximas gerações.
Actividades:
Convidar os alunos a ler excertos de Meu Pé de Laranja Lima, seleccionados por eles. Solicitar a razão dessa escolha, deixando que os alunos exprimam as suas ideias.
Ir até à biblioteca da escola e tentar encontrar outros livros de José Mauro de Vasconcelos. Se não forem encontradas outras obras, os alunos farão uma pesquisa na Internet, e se possível ler algum excerto de um desses livros.
Para os alunos brasileiros, quem sabe se a biblioteca escolar possui os DVD dos filmes sobre Meu Pé de Laranja. Se assim for, requisitar o filme e visionar durante duas/três aulas.
Não esquecer de fazer a preparação prévia dessas aulas, programando actividades pedagógicas de apoio.
"A nossa língua é espantosa. Acho que temos uma língua privilegiada."
Luisa Dacosta in Expresso
Luisa Dacosta morreu. Imperdoável seria não escrever sobre esta contadora de histórias maravilhosa, doce e afectuosa. Professora de Lingua Portuguesa, e escritora reconhecida no mundo da literatura infantil e juvenil em língua portuguesa.
Um tributo merecido para celebrar o Dia Internacional da Língua Materna. O Dia Internacional da Lingua Materna celebra-se a 21 de Fevereiro desde 2000.
Luisa Dacosta que, depois de se retirar do ensino, visitava com frequência a escola, aceitava com alegria os convites que alguns professores lhe fizeram para participar em Conversas com os alunos que adoravam ler os seus livros. Eu fui uma delas. Os alunos gostavam de conversar com os autores dos livros que liam, queriam saber como escreviam, e no caso de Luisa Dacosta, de onde lhe vinha a inspiração para escrever histórias tão encantadoras.
Luísa Dacosta, completaria 88 anos no dia 16 de Fevereiro.Morreu na véspera de seu aniversário. Nasceu em Vila Real, Trás-os-Montes. Morreu em Matosinhos.
Licenciou-se em Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras de Lisboa. Iiniciou a sua acitividade literária em 1955 com a publicação de um livro de contos intitulado "Província".
"Sou um pouco irrequieta. Um dos desgostos grandes que tive foi deixar de subir às árvores. Subi às árvores até talvez aos 50 anos. Não era pessoa de estar muito sossegadinha. O facto de viver na província teve uma vantagem, porque, embora naquele tempo não se usasse, eu tive sempre uma educação mista. Na província há turmas tão pequenas que nem podia ser de outra maneira. No meu sétimo ano creio que éramos apenas sete em Letras."
Luisa Dacosta in Expresso
Natural de Vila Real, Luísa Pinto dos Santos, nome de baptismo de Luísa Dacosta, publicou pela primeira vez em 1955 com o volume de contos "Província".
Entre os seus livros contam-se, além de “Província”, “A Menina Coração de Pássaro”, “Sonhos Na Palma da Mão”, “O Valor Pedagógico da Sessão de Leitura”, “A-Ver-O-Mar” ou “Nos Jardins do Mar”. Dois destes livros, “A Menina Coração de Pássaro”, “Sonhos Na Palma da Mão”, fazem parte da sua vasta obra de literatura infantil e juvenil. E tantos outros.
Foi a partir de 1972 que começou a escrever livros de literatura juvenil. E são muitos os livros que os alunos leram nos curriculos de Língua Portuguesa, a maior parte com ilustrações lindas de Cristina Valadas com quem tivemos uma sessão de muito sucesso, Livros de Ilustradora aberta não só às minhas turmas, como a toda a comunidade escolar.
"Era professora, algo que me dá muito gosto. É uma forma privilegiada de relação humana. Ainda hoje gosto muito de estar com os alunos. Tive crianças que passaram por dificuldades extraordinárias, mas a determinada altura vi que era capaz de escrever para eles."
Em 2011, a décima edição da revista Correntes, publicação associada ao Festival Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, homenageou a autora, que, na sessão de abertura do certame, se mostrou satisfeita por ter tanta gente a “ouvir uma escritora pouco lida”.
"Fui sempre mais homenageada como professora do que como escritora», comentou, confessando que a sua obra -- «autobiográfica» - era pouco compreendida."
A apresentação, na Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, do livro O Rapaz que sabia Acordar a Primavera foi escolhida por Luísa Dacosta para oficializar a oferta do seu espólio à Câmara Municipal da Póvoa, em 2007.
A ligação afectiva desta figura infantil ao universo natural, reflectida na sua paixão por pássaros, dominam a narrativa, escrita numa prosa poética, tão característica da autora, num apelo à liberdade, ao sonho e à capacidade da imaginação infantil. Como sempre expressivamente ilustrada por Cristina Valadas.
"As coisas mais gratificantes que tive na vida vieram dos afectos. Por exemplo, cartas que tive dos alunos."
Luisa Dacosta
Obrigada querida Luisa Dacosta por todos os momentos que partilhou com meus alunos e comigo, e pelas histórias tão sensíveis que deixavam os alunos suspensos do encantamento de seus livros. E pelo contributo imenso que deu à Lingua Portuguesa.
Nada mais justo do que dedicar o Dia Internacional da Lingua Materna a esta escritora que tanto dignificou o ensino e criatividade da Lingua Portuguesa, quer como pedagoga, quer como escritora.
Ups! Quase ia esquecendo, de novo, que hoje é um dia muito especial para os meus jovens leitores! Seria imperdoável da minha parte. Até porque já não escrevo no dia dos Namorados desde 2012. Pelo menos neste blogue de Língua Portuguesa.
Bom, Google mais uma vez nos brindou com a publicação, na sua página principal, de um Doodle interactivo, em cinco versões que tem como objectivo, em gestos muito subtis, a importância das tecnologias na relação entre as pessoas.
Verdade! Nunca estivemos tão perto (mas por vezes, tão longe) daqueles que nos são queridos, amigos, familiares, e hoje namorados. É através do telemóvel, ou de um tablet, via wireless que podemos muitas vezes exprimir afectos, quando as pessoas estão afastadas.
Deixo algumas sugestões! Passem por 16 Pefect Valentine's Day Gifts For Book Nerds e escolham. Estou certa que vão encontrar o presente ideal para a pessoa que anda no vosso pensamento.
Bom, mas há mais! Que tal agora irem até Literary Valentine's For the Romantic Reader in All of Us? Divertido utilizar caricaturas de alguns dos nossos escritores favoritos e frases de algum dos seus livros em cartões personalizados para enviar ao namorado ou à namorada. Adorei esta ideia.
E agora, que tal um poema de amor do nosso grande escritor Fernando Pessoa?
Fernando Pessoa
Não digas nada
Não digas nada! Nem mesmo a verdade Há tanta suavidade em nada se dizer E tudo se entender — Tudo metade De sentir e de ver... Não digas nada Deixa esquecer
Talvez que amanhã Em outra paisagem Digas que foi vã Toda essa viagem Até onde quis Ser quem me agrada... Mas ali fui feliz Não digas nada.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Estou mesmo a ver que estão a pensar sorrindo: "A professora não ia esquecer de nos falar de literatura! ".
Pois não. Adoro livros. E adoro poesia. E temos poemas de amor tão belos na nossa literatura! Este, por exemplo, de grande subtileza! Bem característico de Fernando Pessoa. Um dos nossos maiores poetas, hoje conhecido mundialmente.
E finalmente, um vídeo de alerta para a violência no namoro que tem aumentado perigosamente. Está em espanhol, mas muito fácil de entender. Vê então " No es amor! "
Espero que tenham gostado das várias sugestões para este dia de S. Valentim e que passem momentos ternurentos, mas muito divertidos, e com respeito pela vossa integridade.
Afinal, o amor só é bom quando divertido e respeitador. Faz-nos sentir bem felizes.
Pois, eu sei que não fazem a mínima ideia da série de televisão A Casa da Pradaria. Mas se perguntarem aos vossos pais, melhor, sobretudo às mães, elas vão dizer-vos como gostavam e seguiam com apreço e emoção esta série de televisão tão célebre como hoje é Violeta, para as vossas irmãs mais novas. Certo?
Google Doodle:
Google Doodle 148º aniversário de Laura Ingalls Wilder
A série que fez tanto sucesso na infância de vossos pais, foi adaptada de um livro da escritora norte-americana Laura Ingalls Wilder que hoje Google homenageia com um Doodle para celebrar o seu 148º aniversário. Representa um pouco o seu livro Litlle House on the Prairie que foi traduzido para português A Casa da Pradaria.
Laura Ingalls Wilder foi uma escritora norte-americana de literatura infanto-juvenil. Escreveu a série A Casa da Padraria onde conta a história de sua família.
Laura nasceu, a 7 de Fevereiro de 1867, em uma pequena cabana de troncos, à beira da Grande Floresta do Winsconsin, viajava com a família de carroça através do Kansas, Minnesota e, finalmente, do Território de Dakota, onde conheceu e casou com Almanzo Wilder.
Laura Wilder foi também professora. Carreira que abandonou quando casou. Laura e Almanzo foram pais de Rose Wilder Lane, uma escritora de viagens, novelista também.
Estava-se em 1878, a corrida à terra era grande e, entre os muitos que partiram em busca de uma outra vida na nova terra, Estados Unidos, estavam os Ingalls: Charles, a sua jovem mulher Caroline e as três filhas Mary, Laura e Carrie.
Colocandos os seus poucos pertences numa carroça, despediram-se dos amigos e da família e seguiram o trilho do Oeste que os conduziria à sua nova casa em Plum Creek, nas planícies do Minnesota.
Os Ingalls, em busca do sonho Americano, chegam à conclusão de que têm que lutar por cada centímetro de terra em que tocam, por cada pedaço de terra que plantam. Lutar contra a doença, a natureza, os preconceitos locais, os rigores de um clima hostil.
Os episódios de aventuras da família são baseados nas memórias da própria Laura Ingalls Wilder, cuja colecção de dez livros "Little House" descrevem num retrato realista, a vida dos pioneiros nas longínquas terras do Oeste americano há mais de 100 anos atrás.
10º: O Longo Caminho de Casa (publicado postumamente pela fillha)
A série de 10 livros sobre a família Ingalls escrita e publicada por Laura Ingalls Wilder entre 1932 e 1943 contava em estilo romantizado a vida do que hoje é o Oeste Americano.
Uma Casa na Pradaria estreou na NBC a 11 de Setembro de 1974. Baseada no best-seller de Laura Ingalls Wilder, esta série clássica de televisão foi nomeada 17 vezes para os "Prémios Emmy" e por 3 vezes para os "Golden Globes".
A série foi adaptada pela escritora, Laura Ingalls Wilder e pelo actor e produtor Michael Landon que interpretava o papel de pai, Charles.
Esta história dramática e apaixonante da luta de uma jovem família de pioneiros para construir uma nova vida na fronteira americana dos anos de 1870, prendeu os corações dos telespectadores por todo o mundo.
No entanto, historiadores tiveram algumas reacções contra a série televisiva por a considerar demasiado romanceada omitindo factos históricos reais.
Na segunda série completa (1975-1976) Charles tem de trabalhar em várias actividades, para pagar as suas dívidas enquanto toda a família põe mãos à obra. Laura faz um novo amigo e ajuda-o a ultrapassar o seu desgosto.
As causas do sucesso de "Pioneer Girl" deve-se principalmente à boa recepção que teve entre os fãs dos romances e da série, já que muitos cresceram a ler os livros ou a ver os episódios da série de televisão.
Uma Casa na Pradaria
actores na época e actualmente
via Expresso
Actividades:
Pesquisa sobre a autora e sua obra
Visita online da Casa Museu da escritora
Pesquisa e visionamento de alguns clips de video da série televisiva
Ler um ou mais livros desta colecção intemporal
Actividades +
Ler artigos online sobre a série em Português e línguas estrangeiras (Inglês; Francês)
Questionar pais e/ou avós sobre suas experiências juvenis ( livros; série televisão)
Elaborar textos escritos sobre as obras (texto narrativo)
A verdadeira história recém-lançada na biografia de Laura Ingalls, a personagem principal. O livro 'Pioneer Girl' é um primeiro rascunho escrito por Laura Ingalls Wilder, incentivada pela filha Rose, que agora foi editado e romanceado", explicou à AFP Nancy Tystad Koupal, directora da editora Sociedade Histórica da Dakota do Sul.
Mas, toda esta realidade não minimiza em nada o imenso sucesso dos livros e da série de televisão.
"Para muita gente, Laura e a família Ingalls fazem parte da sua juventude"
Ao longo dos anos, sempre me preocupei em divulgar neste blogue filmes que pudessem enriquecer a experiência vivencial e cultural dos alunos.
Deixar de escrever sobre um filme fascinante Boyhood realizado por Richard Linklater ser-me-ia impossível.
Há muito aguardado nas salas de cinema, está em exibição há algum tempo. Trata-se de um filme cativante que nos envolve de uma ponta à outra. Nele percorremos dozes anos da vida de Mason (Ellar Coltrane).
Uma biografia devastadoramente plausível de um adolescente 'real'. Diante de nossos olhos, a criança tornou-se um homem num lapso de tempo. O filme desenvolveu-se naturalmente como a vida, Na verdade, é uma história de vida. Mas vamos então à história:
Rodado ao longo de quase 12 anos, BoyHood- Da Infância à Juventude é um 'road movie'no qual a estrada é o tempo. Fazemos aqui e ali pequenas paragens, conhecemos novas personagens e situações e, depois, seguimos em frente, modificados.
Drama ficcional, mantendo o mesmo grupo de actores durante 12 anos, e filmado entre 2002 e 2013. Uma viagem única, ao mesmo tempo épica e intimidante, através da alegria da infância, dos problemas e oscilações de uma família moderna, próprios da passagem do tempo.
O filme acompanha Mason (Ellar Coltrane), de 6 anos, ao longo da década mais importante da sua vida - infância e adolescência - pelo meio vão acontecendo um turbilhão de mudanças, controvérsias familiares, casamentos instáveis, segundos casamentos mal resolvidos, novas escolas, primeiros amores e amores perdidos. Tempos memoráveis e tempos assustadores e uma constante miscelânea de desgostos e deslumbramentos acompanham Mason.
Mason é um menino sonhador que se confronta com a importante decisão da sua afectuosa e lutadora mãe, Olivia (Patricia Arquette), de refazer a vida em Houston, no momento em que o pai, Mason Senior (Ethan Hawke), há muito tempo ausente, regressa do Alasca, e volta a entrar no seu mundo.
Entre pais e padrastos, raparigas, professores e patrões, perigos, anseios e paixões, Mason emerge para seguir o seu caminho.
É um filme que compreende que somos o resultado de um conjunto de instantes mais ou menos memoráveis e que, portanto, somos seres fluidos por natureza. Acompanhar todas estas mudanças é uma jornada fascinante.
Não há, aqui, o drama de um pai ausente para sempre, de uma mãe desatenta, mas sim o drama do quotidiano, não menos impactante, de tentar andar para a frente, mesmo diante de problemas financeiros, de brigas com os vários padrastos, e de pequenos percalços quase triviais, como o embaraço de ter que ir para a escola com um corte de cabelo desastroso ou ser repreendido por um adulto pouco amistoso.
Recheado de um humor doce que, frequentemente, nasce das interacções da família carinhosa que ocupa seu centro, BoyHood também é capaz de mostrar pedaços de vida dolorosos que são concebidos cuidadosamente. Por exemplo, perceber como o problema do segundo marido de Olivia é inicialmente sugerido de forma subtil, quando o mesmo evita beber diante dos filhos (dois dele e dois de Olivia) , até ao instante em que sua ira alcoolizada explode durante um almoço no qual não faz questão de esconder a sua adição.
Porém, o mais recompensador neste belíssimo filme é perceber como Mason, apesar de todos os dramas ou pequenos traumas que enfrenta, se torna um jovem adulto tão fascinante. Dono de um tom de voz sereno,gentil, de gestos carinhosos, e de uma personalidade repleta de curiosidade pelo mundo, Mason (interpretado por um actor carismático) jamais deixa que esqueçamos o garotinho que se equilibrava afoitamente no baloiço, quando o vemos já jovem adulto, prestes a partir para a faculdade, atormentado por ansiedades em relação ao futuro.
Vê-lo crescer é tão emocionante como acompanhar o envelhecimento de seus pais, já que, inevitavelmente, isto nos leva a reflectir sobre a nossa própria trajectória. A sensação é a de que tudo passou tão rápido, tanto quanto as quase três horas deste filme maravilhoso.
Informações:
Boyhood, site oficial, teve cinco nomeações para os Golden Globes, foi premiado em três categorias: Melhor Filme, Melhor Actriz Secundária, Patricia Arquette, e Melhor Realizador.
Tem seis nomeações para os Oscars 2014.
Actividades:
Organizar uma visita de estudo transdisciplinar : ida ao cinema com grupo/turma;
Prévia pesquisa sobre dados do filme: história, banda sonora, actores, realizador;
Posterior debate em sala de aula (após ter visto o filme), individual e/ou trabalho de grupo;
Avaliar compreensão, sentido crítico, reacções;
Desenvolver actividades de escrita criativa.
Para quem convive diariamente com adolescentes, sabe como os dozes anos da vida de Mason se assemelham à maioria dos nossos alunos, suas crises 'normais' de crescimento, famílias monoparentais ou disfuncionais, Boyhood só pode ser considerado um recurso educativo riquissimo a explorar nos curriculos.
A todos aconselho vivamente. A todos os níveis. De uma imensa riqueza humana e sensorial. O tema musical Hero é lindo!