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"Em toda a infância houve um jardim - isto é coisa de poetas" Agustina Bessa-Luís | BlogdosCaloiros is my blog in Portuguese Language curriculum. It aims to enhance the lessons using ICT and captivate cultural curiosity

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Conversas com José Luís Peixoto : encontro com alunos

 

 

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José Luís Peixoto

créditos: Autor não identificado

http://diariodigital.sapo.pt/

 

"À noite sentava-me na escrivaninha, com páginas escritas de um lado, com uma folha branca, com uma esferográfica na mão direita."(...)

 

José Luís Peixoto, Uma Casa na Escuridão

Temas e Debates, 2002

 

 

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Teatro Campo Alegre

https://www.facebook.com/TeatroMunicipaldoPorto.com

 

Um grupo de alunos das turmas 5º C e 5ºI, curriculos de Língua Portuguesa, preparou-se empenhadamente para conversar com o escritor José Luís Peixoto, no dia 19 Maio de 2006, no Teatro Campo Alegre.

 

Nada impediu que os jovens alunos marcassem presença acompanhadas da professora curricular de Lingua Portuguesa, e duas professoras das turmas. Com as suas vozitas interessadas e bem informadas - verdade, preparam-se com seriedade - na sessão "Conversas com Poetas" com o poeta José Luís Peixoto, conversas que têm lugar às 5ªs feiras à tarde.

 

"Estas situações cumprem um pouco o que eu sonhava quando pensava em ser professor, porque esta é uma maneira de fingir que ainda estou a dar aulas"

 

Jose LuísPeixoto

 

 

 

Conversas com Poetas

José Luís Peixoto

https://1.bp.blogspot.com/

 

Não se dedicando a uma literatura para jovens, José Luís Peixoto escrevera, no entanto em 2005, um conto para adolescentes, inserido numa pequena colectânea intitulada «Contos que Contam», edição limitada "Projecto de Rua" do IAC. Em tempo similar fora distribuído pelo Jornal Público - caderno Mil Folhas, 19 de Novembro 2005.

 

"Era uma vez um rapaz que tinha medo do mar. Essa fobia não espantava ninguém e raramente lhe traia mais que embaraços e dissabores. Aquele que verdadeiramente causava espanto a todos os que tinham a sorte de poder entrar no seu refúgio mais valioso, era o vizinho da frente, um rapaz calmo que tinha o nome singelo de João e um sobrenome polaco, que as pessoas pronunciavam de três maneiras, todas elas muito distantes da pronúncia dos seus antepassados, bisavós dos seus avós, em Varsóvia.

(...)

 

João era um rapaz de óculos e borbulhas muito vivas que só por si não espantava ninguém. Aquilo que realmente surpreendia e emocionava alguns dos poucos privilegiados era a sua colecção de selos. As paredes do quarto de João estavam cobertas, desde o chão ao tecto, por álbuns de selos. Sob a cama, havia álbuns de selos. Na gaveta e em todo o interior da mesinha-de-cabeceira, uma pilha de álbuns de selos. Mais do que uma simples arrumação por países, valores e datas, João passava tardes, passava a sua vida inteira, a encontrar formas de organização, absolutas e precisas, que não se baseavam em números, mas em elementos muito concretos, como a intuição ou a beleza."

 

José Luis Peixoto, Rapaz que Tinha Medo do Mar, excerto

 

Tinha lido na altura no Mil Folhas e lembrei-me de procurar o texto para partilhar com os alunos, de modo a aproximar o autor do nível étário dos mesmos.

 

Dirigi-me às instalações de O Público que gentilmente me cederam um exemplar.

 

(...) "Depois de um suspiro, é nesse ponto da história que, tanto a Patríci, quando era mais pequena, como a Inês, em todas as vezes que lhe conto esta história, me perguntavam o que aconteceu ao rapaz que tinha medo do mar. Não demoro a responder. Digo-lhes a verdade. O rapaz que tinha medo do mar, sem nenhum espanto, continuou a sofrer embaraços e dissabores pela vida fora porque o medo nunca trouxe nada de bom a ninguém."

 

José Luís Peixoto, O rapaz que tinha medo do mar, Contos que contam

in Mil Folhas, Público, 19 Novembro 2005 (excerto)

 

(gentilmente cedido pelo jornal Público, 12 Maio 2006)

 

Singularmente motivados - os milagres que uma professora de Língua Portuguesa faz quando é apaixonada por livros - aproximaram-se do poeta, depois de terem participado activamente da conversa com José Luís Peixoto, e com ele partilharam o gosto que tiveram ao ler o seu conto. Contaram, com alegria, como aderiram à proposta da professora para participarem desta "Conversa com Poetas", e como prepararam a sua sessão na sala de aula em actividades variadas.

 

 

 

 

 

Conversas com José Luís Peixoto

Teatro Campo Alegre | Porto

http://jpn.icicom.up.pt/

 

Os alunos tiraram várias fotografias durante o encontro, e depois, com o poeta, na conversa final. As fotografias foram publicadas neste post, para os alunos, pais e poeta. Foram depois retiradas na semana seguinte, para preservação da privacidade dos alunos, todos menores de 16 anos.

 

 

 

 

Morreste-me

José Luís Peixoto

Quetzal editores

http://www.quetzaleditores.pt/

 

Jose Luís Peixoto - poeta e prosador que admiro desde Morreste-me, seu primeiro livro, que o fez aparecer em pleno, como um grande escritor, deixou-se fluir em conversa descontraida, grande simpatia e muita simplicidade. E mostrou-se muito agradado pelos seus novos e tão jovens leitores estarem tão bem preparados para participar nesta sessão.

 

Aos préadolescentes, José Luís Peixoto falou sobre a arte de escrever, referindo-se que se pode "parar o tempo e desfrutar aquilo que passou demasiado depressa."

 

"Ler é uma actividade formadora, que permite estruturar o mundo e que nos ajuda a exprimir-nos melhor."

 

JL Peixoto

 

No final, o autor distribuiu autógrafos aos jovens. Os alunos ficaram felizes por sentir o seu trabalho reconhecido pelo autor que considerou ser este o grupo melhor preparado e que participou activamente nesta conversa.

 

(...) 

olhando as nuvens, compreendi que eras

meu amigo durante as árvores a crescerem

nos campos. (...)

 

in José Luís Peixoto, A Casa, a Escuridão,

Temas e Debates, 2002, pág.23

 

Os alunos agradecem a sensibilidade do autor durante e depois da Conversa formal, a delicadeza e a paciência na sessão de autógrafos.

 

Agradecem também a simpatia do escritor ao vir deixar um comentário pessoal neste post. Muito obrigada em nome dos alunos. Ficaram super contentes.

 

Pequenas considerações:

 

Os autores não escrevem para públicos estanques. Cabe aos professores de Língua Portuguesa alargar conceitos, refrescar leituras, trazer novos autores para as escolas, introduzir nas aulas curriculares novas leituras, conquistando assim jovens leitores. Não se limitar ao estabelecido, abrir fronteiras, buscar conhecimento via leituras variadas, sempre tendo em conta o perfil da cada grupo/turma.

 

Tudo isto deve fazer parte da sensibilidade de um(a) Professor(a) de Língua Portuguesa!

 

Nota: As fotografias dos alunos feitas durante a conversa com JL Peixoto fizeram parte deste post durante uma semana para que os alunos pudessem ver e comentar o seu próprio desempenho na Conversa com o escritor. Foram retiradas após essa semana para salvaguardar a privacidade dos adolescentes. Regra básica de qualquer professor(a) que lecciona jovens com idade inferior a 16 anos.

 

A Professora GSouto

 

21.05.2006

 

Actualizado em 03.05.2015

 

 Licença Creative Commons

 

 Agradecimentos: 

 

Professoras Acompanhantes

Jornal Público

Teatro Campo Alegre

 

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