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"Em toda a infância houve um jardim - isto é coisa de poetas" Agustina Bessa-Luís | BlogdosCaloiros is my blog in Portuguese Language curriculum. It aims to enhance the lessons using ICT and captivate cultural curiosity

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O Príncipezinho em mirandês?

 

 

petit-prince4.jpg

 

 Le Petit Prince

Antoine de Saint Exupéry

Folio Junior Gallimard

http://www.gallimard.fr/

 

Pois é verdade! O clássico de Antoine de Saint-Exupéry, Le Petit Prince (1943), já vendeu mais de 50 milhões de exemplares em todo o mundo. E, segundo a editora francesa Gallimard, é "o livro mais traduzido em todo o mundo depois da Bíblia". Tem já traduções em cerca de 200 línguas,  incluindo dialectos europeus, asiáticos e africanos.

 

Ora talvez não saibam que O Príncipezinho tem uma edição em mirandês, desde Abril 2011. O objectivo da edição de "L Princepico" é dar a conhecer a língua mirandesa escrita, já oficialmente reconhecida desde 1998, que as pessoas falam e ouvem, mas que raramente lêem. 

 

Saber +

 

O mirandês é falado por cerca de 15 mil pessoas numa "área de aproximadamente 500 quilómetros quadrados, a sudeste do distrito de Bragança, ao longo da fronteira com a Espanha, abrangendo o concelho de Miranda do Douro e uma parte do de Vimioso."

 

É óbvio que a edição em mirandês desta obra mundialmente conhecida tem um público reduzido, interessados e coleccionadores. No entanto, é interessante saber que a ASA já editou há alguns anos dois  álbuns do Astérix em mirandês.

 

 

 

 

Asterix L Goulés

Editora ASA

https://1.bp.blogspot.com/

 

 

Asterix L Galaton

Editora ASA

https://1.bp.blogspot.com/

 

A língua mirandesa, segunda língua em Portugal, tem uma forte tradição oral que foi passando de pais para filhos, ao longo dos tempos. Só em 1882 começou a ser investigada por José Leite de Vasconcelos, filólogo, arqueólogo e etnógrafo português, e depois fixada na escrita.

 

Le Petit Prince foi traduzido para mirandês por Ana Afonso e Domingos Raposo. Ana Afonso falou no momento da apresentação à Lusa do “desafio” de traduzir um clássico “cheio de valores” para a sua língua materna. 

 

Esta foi a primeira tradução para mirandês de Ana Afonso, a convite do cônsul de França no Porto, que, em cada lugar que passa, procura línguas ou dialectos para os quais possa traduzir “o seu livro preferido”.

 

 

 

L Princepico, edição em mirandês

Antoine de Saint Exupéry

http://www.leyaonline.com/

 

A edição mirandesa de “L Princepico” foi apresentada publicamente no dia 15 de Abril 2011, no Instituto Franco-Português, em Lisboa, pelo  estudioso Domingos Raposo.

 

Na mesma ocasião, foi apresentada uma exposição de livros e objectos associados ao universo de O Principezinho, pertencentes ao actor e apresentador Pedro Granger, coleccionador e fã do clássico da literatura francesa.

 

E agora, leiamos um excerto de O Principezinho em mirandês:

 

 ·XVIII·

 
L princepico atrabessou l dezerto i só ancuntrou ua flor cun trés folhicas, ua florica ruinica...
- Dius mos dé nuonos dies, dixo l princepico.
"Buones dies mos dé Dius, dixo la flor.
- Adonde stan ls homes?" preguntou l princepico mi educado.
La flor biu, un die, ua recla de giente a passar:
- Ls homes? Hai-los, parece-me, seis ou siete. Abistei-los hai uns anhos, mas nun se sabe adonde stán. L aire lhieba-los dun lhado para outro. Nun ténen raízes i isso trai-le muitos porblemas.
- Adius, dixo l princepico.
- Adius, dixo la flor.

 

Antoine de Saint-Exupéry, L Princepico, ASA

 

Actividades:

 

Será interessante, apresentar na aula de Lingua Portuguesa, um ficha pedagógica com excerto de L Princepico e o Principezinho para que os alunos possam fazer um exercício de comparação entre as duas linguas.

 

Os alunos compreenderão certamente a lingua escrita. No entanto, alertar para o facto de ser mais difícil de entender ao ouvir um falante mirandês.

 

Se houver a possibilidade de convidar um especialista ou falante mirandês para um pequeno workshop sobre o mirandês, seria uma excelente aprendizagem para os alunos.

 

Esperemos que o mirandês possas chegar mais escolas do país.

 

A Professora GSouto

 

21.01.2013

 

Licença Creative Commons

 

Língua Portuguesa, a nossa !

 

 

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Sabem que sempre fui contra o Acordo Ortográfico. Conhecem bem a minha posição em relação ao que considero um atentado à raiz latina da nossa língua.

 

Pois é! Parece que a razão chegou. E do outro lado. O governo brasileiro adiou a aplicação do Novo Acordo Ortográfico segundo podemos ler. E fê-lo com base numa petição que reuniu 20 000 assinaturas

 

 

 

 

Em Portugal, uma petição semelhante reuniu mais de 130 000 mil assinatura e não teve qualquer eco. Assim, o AO entrou de rompante nas escolas portuguesa de um ano lectivo pra outro, em níveis curriculares.

 

 

E agora, como se sentirão os professores, os curriculares de Língua Portuguesa com base em Linguísticas que tanto lutaram para contrariar o absurdo?

 

E que se vêem  constrangidos, mesmo não o aplicando pessoalmente, e nem nos currículos de Língua Portuguesa que leccionam? Impossível induzir os alunos numa grafia que não nos pertence?

 

 

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via CiberDúvidas da Língua Portuguesa

 

Que argumentos apresentar aos alunos para explicar que a grafia que aprenderam até ao ano lectivo anterior já não é 'correcta'. Mais, como chamar à grafia correcta, 'português antigo' ?! Antigo?!

 

E os pais e educadores que compraram Dicionários de Língua Portuguesa até ao ano transacto e agora se vêem obrigados a gastar mais dinheiro em Dicionários de Língua Portuguesa con AO e manuais novos com AO (quando os manuais do ano lectivo anterior ainda estavam em vigor) para que os seus educandos possam acompanhar as novas normas.

 

 

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Vasco Graça Moura

créditos: Autor não identificado

via Comunidade Cultura e Arte

 

Vasco Graça Moura, um dos mais conceituados escritores portugueses, muito se opôs, no alto do seu repertório literário. ao surgimento do Acordo Ortográfico, reivindicando a autonomia identitária da Língua Portuguesa, para além de denunciar os interesses geopolíticos e empresariais de origem brasileira. Esta visão é sustentada no seu escrito “A Perspetiva do Desastre”.

 

E tão coerente foi que, ao assumir a presidência do Centro Cultural de Belém, decidiu que o CCB usasse de novo as regras ortográficas que são devidas ao bom uso da Língua Porguesa.

 

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“O Brasil vai rever o acordo, portanto é completamente delirante nós ficarmos para trás. Agora vamos ter três grafias: a brasileira actual, a africana, porque Angola mantém e muito bem as regras ortográficas que estão em vigor e não as do acordo, e a portuguesa, que é uma coisa sem pés nem cabeça."

 

Vasco Graça Moura.

 

Já em Setembro 2012, o PEN Internacional condenara por unanimidade o AO. E desde sempre vozes se fizeram ouvir contra. Escritores, professores, e pessoas de todos os quadrantes da sociedade e da cultura.

 

"Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha."

 

Fernando Pessoa

 

Não poderia estar mais de acordo! Absolutamente delirante!

 

A Professora GSouto

 

09.01.2013

 

Licença Creative Commons